quinta-feira, maio 26, 2011

domingo, maio 01, 2011

Labs

Ele estava a pensar se havia de escovar os dentes primeiro e usar fio dentário a seguir, ou o contrário, quando lhe veio à memória o Tio Mané. Não era família, mas era assim conhecido um senhor que entrava lá em casa sem pedir licença, com vontade de desenterrar histórias antigas ou de simplesmente estar sentado numa cadeira de vime ao canto. Bem que arriscava fazer perguntas, na esperança de conversar com alguém, mas a canalha não lhe ligava nenhuma, e agora nunca mais aqueles vincos profundos da cara ressequida pelo sol.


Mas pronto, outro assunto. O João escolheu a Fnac do Chiado para apresentar o seu novo livro a casais de lésbicas e idosos que não tinham mais nada para fazer naquela tarde. Falou, recitou poesia cantada, enfim, "construiu" qualquer coisa na esperança de que a obra, reflexo da sua própria existência, evitasse pelo menos um suicídio. Um só. O que, nem ele, nem ninguém imaginava é que a cantoria ia fazer os presentes temer pela vida.