segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Andvari

Ela arrasta-se pela casa enrolada num robe verde engrumado que traja desde Setembro passado. Desde então nunca pôs os pés na rua.
Abandonada, muitíssimo só, gostaria que o novo inquilino se mostrasse mais e partilhasse com ela ocorrências triviais do dia, ou pelo menos as refeições; gostaria de lhe pedir isso abertamente, mas limita-se a negar o estado repugnante do balde da limpeza, da esfregona e do frigorífico quando confrontada com essas verdades, olhando aterrada, como se diante da Morte, para uma toalha de plástico desbastada, com irritação e arrependimento inscritos nos profundos vincos da sua pele.
– Nunca ninguém me disse que a casa estava suja!, berrou.
Em tempos, uma senhora de classe média-alta que se passeava pelo Chiado, beberricava café na Brasileira e aproveitava o Estoril para esbracejar como uma actriz de Hollywood em traje de banho discreto.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

undone

A casa-de-banho lembra um tenebroso filme de horror dos anos 30. A um canto, o extremo da banheira partilha a parede da bacia, da sanita e do bidé, e a parte mais comprida a parede adjacente, com uma janela demasiado alta. Seria mais uma área normal da casa, não fosse por alguns factores:

a) murganho, vindo não se sabe donde, que passou a comungar com os aflitos momentos fulcrais na higiene pessoal.

b) esquentador habilmente colocado por cima do banheiro...!

c) um atil que corta a banheira ao comprido e recebe
peças de roupa, como um exemplar de cuecas enegrecidas na zona pachequita que parece ter sofrido violentas descargas de bufa. É isso. A senhoria, uma senhora do Estoril simpática e senil, peidou-se, e peidou-se, e peidou-se... PUM!

A doutrina do peido
pffff-pffff-PUM!-PUUUURRRRM!-piiiuuuffffffffffff

terça-feira, fevereiro 14, 2006

WE LOVE KATAMARI



(vídeo no YouTube)

Ó! Ó! E QUE TAL UM "DIA DO KATAMARI"!?