quinta-feira, fevereiro 18, 2010

revolution action

Um devia chamar-se "José", talvez do Barreiro. O outro era mais novo, "Nuno", vou apostar Massamá norte. O José ligava insistente ao Nuno junto à fonte que ia servir de palco ao encontro. Mas o Nuno mantinha-se afastado, suspirando profundo, confuso, antecipando outro encontro falhado. Ele achava o Zé pouco parecido com as fotos que o ilustravam no msn, e o José, embora menos ralado com isso, pensaria o mesmo sobre o jovem acompanhante.
As longas noites a sonharem acordados, as despedidas demoradas ao telemóvel, tudo aquilo que até então fizeram tombou sobre a calçada como a chuva bem caída nesse dia. Mas era tarde para recuar. O José topou o Nuno junto à paragem do autocarro, acenaram-se com um sorriso tímido. Ao café, pronto!

Momentos antes, acertados os pormenores do encontro, afastaram-se do computador. Foram retocar o cabelo, vestir algo mais pomposo, encharcar perfume barato. E até estavam com outra atitude, certos de que aquele rendezvous, ao contrário de todos os outros, poderia mudar as vidas falhadas que até então levaram.

Sem comentários: